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domingo, 24 de fevereiro de 2013

2013: o ano que o Mississippi oficialmente aboliu a escravidão

Eu, com todos os meus 34 anos de vida ainda consigo me ver perplexa com a condição humana, ainda me surpreendo com as argumentações que tentam legitimar o racismo, com as leis que deixam de acolher demandas históricas e mínimas que por anos nos foram negadas, como algumas pessoas podem ser reacionárias quando se trata dos direitos humanos para o povo negro. E, pasmem, ainda fico surpresa com a capacidade do povo estadunidense criar artimanhas para não seguir a lei quando isso se refere a efetivação dos direitos dos negros neste território. Esta é uma nação que fez parte de sua riqueza apoiada na exploração dos imigrantes e no sangue e suor extraídos dos povos negros raptados da África durante a escravidão.
Mas o que me impressionou nesta semana foi saber que a escravidão no Mississippi apenas foi abolida legitimamente, após o filme Lincoln, um filme que foi lançado em 2012 nos EUA.
Parece um mundo surreal, mas explico.
Quando o presidente dos EUA, Lincoln, a quase 150 anos aboliu a escravidão, o estado havia ratificado a 13a. emenda, porém, cada um dos 36 estados deveria oficializar a lei individualmente. A abolição foi ratificada, pois 3/4 dos estados aprovaram a lei, o que bastaria para faze-la entrar em vigor. Mas a acerca de duas semanas atrás, o estado de Mississippi ainda não havia oficializado a decisão, pois não havia entregue esta ao  arquivista federal.
Portanto, apenas no dia  7 de fevereiro de 2013, o estado do Mississippi - historicamente conhecido pelo racismo, pelo trabalho escravo nas plantações de algodão - oficialmente aboliu a escravidão.
Hoje, 24 de fevereiro de 2013, parece estranho que uma pessoa possa dar uma notícia como essa. Mas como acredito que poucas coisas no mundo  provoquem vergonha ao povo dos EUA, darei a notícia surpresa diante dessa resistência, mas também sabendo que poucos povos no mundo seriam tão adequados para nos proporcionar essa surpresa.